Clóvis Moreira da Cunha
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Homenagem feita pela Acadêmica Palmira Guanais de Aguiar Fausto ao Dr. Clóvis.
  
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Dr. Clóvis Moreira da Cunha
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RECORDANDO DR. CLÓVIS MOREIRA DA CUNHA
  Lendo a sua crônica, meu caro Jairo*, emocionei-me pois pensava que apenas eu me lembrava do nosso querido Dr. Clóvis, o meu "Santo Doutor" como, às vezes, o chamo em tom de blague e de reconhecimento.
   Agora, sinto que as suas recordações de infância também são mescladas com a figura querida e simpática do querido Doutor e quero que saiba como, às vezes, a sua lembrança bate forte em mim.
   Numa infância que já vai longe, ele chega sempre de terno de brim, pasta na mão, barriga já bem avantajada e o coração maior do que tudo que se possa imaginar. E adentra no quarto escuro, onde o sarampo derrubara toda a criançada e a nossa mãe também. E mistura suas "poções" milagrosas com os chás de sabugueiro e eucalipto e recomenda não tomar vento (afinal, o vento era o bicho-papão do Doutor) e desaparece pela porta, deixando a criançada caladinha e confiante...
   Lembro-me do Doutor como Diretor do Colégio, cônscio e compenetrado da sua alta investidura, tentando, com a ajuda de Doxa, separar, no recreio, os meninos das meninas...
   Lembro-me do Doutor atendendo-me como jovem parturiente, na dificuldade de um parto pélvico, tendo apenas, como ajuda, um Queleno como anestésico e um Pai-Nosso, rezado, contritamente, nos intervalos das dores...
   Lembro-me do Doutor, à minha cabeceira, segurando a minha mão, tentando salvar a minha vida de um parto que não chegara a termo e dizendo-me para ter fé em Deus...
   Lembro-me do Doutor, mais tarde, acudindo a minha aflição de mãe, quando os filhos ardiam em febre e eu, indecisa, não sabia o que fazer...
    Lembro-me das suas mãos, brancas, longas e hábeis, já no fim da vida, afetadas pela alergia e, mesmo assim, prontas para atender e sanar dores...
   Lembro-me da minha visita de despedida, que eu sabia ser a última, tentando contar coisas alegres para disfarçar a emoção e as lágrimas que teimavam em aparecer...
   Ah! Como se fora agora, lembro-me de Afonso Cuíca** também se despedindo do velho e gritando da porta - "Eu te amo, Dr. Clóvis, eu te adoro meu velho Doutor"!...
   Pena que, naquele dia, eu também não tivera a coragem de gritar em altos brados, para que ele e toda a Caetité ouvisse:
   "Eu também te amo, meu querido Doutor!"...

*Refere-se a Autora ao Dr. Jairo Francisco Ramos Pontes, Patrono na ACL da Cadeira n. 11 (Segundo a Acadêmica, o texto foi motivado por um artigo do Dr. Jairo no Jornal Tribuna do Sertão.)
**Referência ao bêbedo contumaz que, naquele tempo, vivia em Caetité.
por Palmira Guanais de Aguiar Fausto
          
Acadêmica da Cadeira 27
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